terça-feira, 24 de junho de 2008

Pense:


"Amizade é matéria de salvação".
(Clarice Lispector)

UM ENIGMA...

"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, a outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo... Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal-estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo Abro o jogo! Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza"!!! (Clarice Lispector)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Para Refletir...

"O real eu atinjo através do sonho."
(livro "A Hora da Estrêla" de Clarice Lispector)

Dá-me a tua mão...


Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei areia, naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.
Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

domingo, 22 de junho de 2008

Sonhe...


Sonhe aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
Porque você possui apenas uma vida
E nela só se tem uma chance
De fazer aquilo que se quer.
Tenha Felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
Não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
Das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância
Das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
É baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
Quando perdoar os erros
E as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
Duram uma eternidade.
(Clarice Lispector)

sábado, 21 de junho de 2008

Entrevista com Clarice Lispector na TV Cultura em 1977 dada ao jornalista Junio Lerner (cont.)


É mais difícil você se comunicar com o adulto ou com a criança?
"Quando eu me comunico com criança é fácil porque sou muito maternal. Quando me comunico com adulto, na verdade estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma, daí é difícil... O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia muito solta."

O adulto é sempre solitário?
"O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia, é solta".

'O LUSTRE'


Em 1946, Clarice publica ‘O Lustre’, segundo romance de sua autoria.
Em 'O lustre', trafega-se, a maior parte do tempo, pelo mundo interior da protagonista(personagem central), Virgínia, desde sua infância em um remoto vilarejo do interior até a vida adulta numa cidade grande e solitária. Clarice não permite ao leitor ter completo acesso ao que se passa do lado de fora — a não ser na crua e, talvez, surpreendente cena final. No universo subjetivo da escritora, a única clareza está nos sentimentos. Virgínia fazia reuniões secretas da "Sociedade das Sombras", onde os únicos integrantes eram ela e o seu irmão Daniel. Vírginia tinha um relacionamento diferente com Daniel, sempre estavam ligados e pareciam almas gêmeas.
Vírginia, aos poucos, vai experimentando sensações sempre novas e naturais. Quando cresce muda-se para cidade e vira amante de Vicente, a quem conhece tão pouco.
Aos poucos ela vai sentindo falta da sua pequena cidade e então volta, entretanto o lugar já não possuía o mesmo perfume e algo tinha mudado. Ela revê seu irmão, mas era tudo de certa forma familiar e novo. Depois de passar uns tempos na Granja quieta, ela volta à cidade e morre atropelada.
A história é contada como num jogo de luzes e sombras, cada parágrafo permitindo apenas antever, de relance, a força sufocante de tanto amor.

Sobre amor...


"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil."
(Clarice Lispector)

Sobre saudade...



"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida". (Clarice Lispector)

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Entrevista com Clarice Lispector na TV Cultura em 1977 dada ao jornalista Junio Lerner

Clarice Lispector, de onde vem esse ‘Lispector’?
"É um nome latino, né, eu perguntei para o meu pai desde quando havia Lispector na Ucrânia. Ele disse que há gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome foi rolando, rolando, perdendo algumas sílabas e se transformando nessa coisa que parece "LIS NO PEITO", em latim: flor de lis".

Como você começou? Quando?
"Antes dos sete anos eu já fabulava e já inventava histórias. Por exemplo, inventei uma história que não acabava nunca, é muito complicado explicar esta história. Quando eu comecei a ler e a escrever, eu comecei a escrever também pequenas histórias."

A partir de que momento você efetivamente decide assumir a carreira de escritora? Porque?
"... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade."

Perto do Coração Selvagem é o romance de estréia de Clarice Lispector em 1944 e compõe-se de duas partes. Na primeira, dois planos narrativos se alternam: o da infância e o da vida adulta de Joana, protagonista do romance.
A vida de Joana é contada desde a infância até a idade adulta através de uma fusão temporal entre o presente e o passado. A infância junto ao pai, a mudança para a casa da tia, a ida para o internato, a descoberta da puberdade, o professor ensinando-lhe a viver, o casamento com Otávio. Todos estes fatos passam pela narrativa, mas o que fica em primeiro plano é a geografia interior de Joana. Ela parece estar sempre em busca de uma revelação. Inquieta, analisa instante por instante, entrega-se àquilo que não compreende, sem receio de romper com tudo o que aprendeu e inaugurar-se numa nova vida. Ela se faz muitas perguntas, mas nunca encontra a resposta.
Perto do Coração Selvagem desnorteia a crítica literaria. Há os que pretendem não compreender o romance, os que procuram influências - de Virgínia Wolf e James Joyce, quando ela nem os tinha lido.
Clarice explora pela primeira vez a solidão e a incomunicabilidade humana, através de uma prosa inquieta, próxima da poesia em determinados momentos.

Quem é Clarice Lispector?


Clarice Lispector foi uma escritora brasileira nascida em Tchechelnik, na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920. Filha de Pedro e Marieta Lispector, família judaica, que já tinham duas filhas: Elisa e Tânia. Aportaram no Brasil quando Clarice tinha pouco mais de um ano de idade.

Clarice começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância. Falava vários idiomas, entre eles o francês e inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno familiar, o iídiche.
Em 1944, publicou seu primeiro romance: Perto do coração selvagem.